"Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, estranho e duro, Que dissesse a chorar isto que sinto!"
Florbela Espanca

29 de outubro de 2010

AS DIFERENÇAS ENTRE UM HOMEM E UMA MULHER (MÔNICA BUONFIGLIO)

Que criatura mágica, mítica é esta chamada mulher? Existe um certo mistério a respeito do qual os homens nada sabem e que as mulheres deveriam saber alguma coisa. Como pode o homem saber o que é a vida de uma mulher? A vida da mulher é muito diferente da vida de um homem. Deus ordenou para que assim fosse.
O homem é o mesmo, desde o momento do seu nascimento até o momento em que definha. Ele é sempre o mesmo, antes ou depois de unir-se a uma mulher pela primeira vez. Mas o dia em que uma mulher experimenta o primeiro amor, ela se parte em duas. Neste dia, torna-se outra mulher. O homem permanece o mesmo depois do primeiro amor.
A mulher transforma-se e isto continua acontecendo à vida toda. O homem passa a noite com uma mulher e vai embora. Sua vida e seu coração permanecem os mesmos. Ela pode conceber e então, como mãe, é uma pessoa diferente da mulher que não tem filhos. Carrega o fruto da noite por nove meses em seu corpo.
Alguma coisa cresce. Em sua vida, cresce algo que nunca mais a deixará. Ela é mãe e continua sendo mãe, mesmo que seu filho morra, mesmo que todos os filhos morram, isto porque uma vez carregou a criança debaixo do seu coração. Essa criança nunca mais abandona seu coração. Nem mesmo quando está morta.
Tudo isso o homem desconhece, ele não sabe de nada. Não conhece a diferença que há antes do amor e depois do amor, antes da maternidade e depois da maternidade. Ele não pode saber de nada. Apenas uma mulher pode saber e falar sobre isso. É por isso que não podemos aceitar que nossos companheiros, namorados ou maridos nos digam o que fazer.
Uma mulher só pode fazer uma coisa: respeitar a si mesma, mantendo-se decente, agindo com a conformidade da sua natureza. Antes de cada relacionamento amoroso, ela é virgem e depois pode tornar-se mãe. É assim que se percebe na mulher, a amante, a esposa a mãe ou não.
Este é um relato de uma nobre mulher da Abissínia, que foi documentado pelo etnólogo Leo Frobenius em suas pesquisas e citado por Carl Kerényi no ensaio Kore. De uma sutileza ímpar, foi exaltado como uma espécie de poema no século XVIII para enaltecer o sexo feminino. Deixo registrado como uma referência à valorização ao Dia da Mulher em 8 de março.
(texto de Monica Buonfiglio).

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