"Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, estranho e duro, Que dissesse a chorar isto que sinto!"
Florbela Espanca

22 de maio de 2011

MARIA PRATA - UMA MULHER INESQUECÍVEL

Não se chamava Rebeca, a do romance famoso, mas foi também uma mulher inesquecível. Atendia pelo nome comum e lindo de Maria! Maria Prata, bem poderia ser Maria de Ouro, tal o tamanho da sua generosidade, do seu amor aos semelhantes, particularmente aos atingidos pela fatalidade da cegueira. Por volta de 1945, Maria Prata agregou-se à então Casa dos Cegos. A primeira meta pretendida pela Sociedade era retirar das ruas o cego na condição de mendigo. Tornava-se não só necessário abrigá-lo, mas protegê-lo, compensá-lo pela perda dos óbolos que antes arrecadava. Dentro da SAC as correntes se dividiam entre os que desejavam a criação de um internato e os que pensavam de modo diverso. Dona Maria Prata viabilizou a implantação do albergue. Para tanto, abandonou praticamente tudo. Devotou sua vida àquela tarefa que, com certeza, lhe assegurou cadeira cativa no céu onde hoje habita. O internato, entretanto, não deveria ser um simples “depósito” de indigentes sem vista, retirados da men-digagem. Dentro da filosofia natural que trouxe do berço, a SAC olhava horizontes bem mais largos para os deficientes. A idéia era transformá-los de pedintes em cidadãos, outorgar-lhes uma auto-estima que a deficiência apequenara ou mesmo destruíra. Como fazê-lo? Maria Prata contribuiu sobremodo para se encontrar resposta a esta indagação. Os cegos não eram mais aqueles “ceguinhos” a implorar e a provocar a piedade dos outros. Estavam ali, sob suas asas, moradores da residência que a SAC lhes destinava, não apenas para se absterem de mendigar, mas para aprender algo, se instruir, tornarem-se homens úteis.
Foi assim, com a presença constante e protetora de Dona Maria Prata, que de simples dormitório ou albergue o já agora Instituto dos Cegos, no casarão de estilo clássico localizado no Alagadiço, se tornou de verdade um estabelecimento de recuperação moral e profissional do destituído do sentido da visão. Enquanto os dedicados diretores, os próprios médicos e outros servidores, davam expediente, reservavam parte de suas horas muitas vezes sacrificando o lazer, Dona Maria Prata oferecia tempo integral, a plenitude de suas horas, dos seus dias, dos seus anos de vida em benefício daqueles assistidos. Brotaram, de modo paulatino e contínuo, as diferentes unidades: a escola curricular, a princípio atendendo mais os cegos adultos, para depois se tornar na atual e dinâmica escola especializada, uma das mais completas do País; a fábrica de vassouras, as oficinas para pequenos trabalhos manuais, as aulas de música. Enfim, com o apoio na abnegação dessa mulher inesquecível - Dona Maria Prata - a Sociedade e seu Instituto empreenderam a caminhada que festeja a alegria da vitória nestes 60 anos de existência. (fonte: www.sac.org.br - Sociedade de Assistência aos Cegos)

Nenhum comentário: