"Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, estranho e duro, Que dissesse a chorar isto que sinto!"
Florbela Espanca

11 de novembro de 2008

MARIA DE LURDES PINTASILGO

Maria de Lourdes Ruivo da Silva Matos Pintasilgo nasceu em Abrantes a 18 de Janeiro de 1930. Filha de Jaime de Matos Pintasilgo, empresário ligado à indústria de lanifícios da Covilhã, e Amélia do Carmo Ruivo da Silva Matos Pintasilgo, doméstica. Cresceu numa família alargada, não cristã, agnóstica.
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Em 1937, vem para Lisboa com a família. Realiza a instrução primária no Colégio Garrett e em 1940 ingressa no Liceu D. Filipa de Lencastre. Termina o curso do Secundário em 1947, como melhor aluna do liceu.
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Já na Universidade, preside à Juventude Universitária Católica Feminina, tornando-se mais tarde dirigente da Pax Romana – Movimento Internacional dos Estudantes Católicos.
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Em 1953, licencia-se em Engenharia Químico-Industrial, numa época em que poucas eram as mulheres a seguir por Engenharia, o que ainda hoje acontece, apesar de estarem a aumentar.
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Inicia-se como investigadora na Junta Nacional de energia Nuclear em 1953 e em 1954 é nomeada chefe de serviço no Departamento de Investigação e Desenvolvimento da Companhia de União Fabril (CUF), que aceitou pela primeira vez uma mulher nos seus quadros superiores.
Em 1969 recusa o convite de Marcelo Caetano, para integrar a lista de deputados à Assembleia Nacional, no entanto, é designada procuradora à Câmara Corporativa na Secção XII – assinou com “voto de vencida” vários pareceres, relacionados com a liberdade de imprensa, modelo de desenvolvimento económico e as alterações à Constituição.
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Presidiu ainda, novamente a convite de Marcelo Caetano, ao Grupo de Trabalho para a Participação da Mulher na Vida Económica e Social. No exercício dessas funções, integrou a Delegação Portuguesa à Assembleia Geral da ONU, tendo aí realizado cinco intervenções, subordinadas às problemáticas: o direito dos povos à auto-determinação, a juventude, a condição feminina, a situação social no mundo , a liberdade religiosa . A sua preocupação relativa à necessidade de pôr fim à Guerra Colonial, levou-a no âmbito das Nações Unidas, a tentar, sem sucesso, abrir caminhos de solução negociada.”
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Com a revolução do 25 de Abril de 1974, é nomeada secretária de Estado da Segurança Social no I Governo Provisório. Nesse mesmo ano e no ano seguinte, ocupa o cargo de ministra dos Assuntos Sociais, para o qual vai receber um classificação de programa-modelo por parte da ONU, graças ao programa de acção concebido por ela para aquela pasta.
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“Em 1975, retomou a presidência da Comissão da Condição Feminina, permanecendo em funções até à tomada de posse como embaixadora junto da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
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A 19 de Julho de 1979, é indigitada pelo presidente da República, general Ramalho Eanes, para chefiar o V Governo Constitucional, um governo de gestão incumbido de preparar as eleições legislativas intercalares marcadas para 2 de Novembro desse ano. Ao aceitar desempenhar aquelas funções, Maria de Lourdes Pintasilgo tornou-se a primeira mulher portuguesa a assumir o cargo de chefe do Governo.”
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Entre 1987 e 1989 foi deputada no Parlamento Europeu, na qualidade de independente integrada no Grupo Socialista.
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Faleceu na sua casa, na madrugada de 10 de Julho de 2004 devido a um enfarte cardíaco.
Estamos perante uma das mulheres mais importantes da história portuguesa, não só por ter sido a primeira e única (até então) a desempenhar o cargo de Primerio-Ministro em Portugal, mas também, pelo seu carácter cívico, pela sua procura pela justiça e preocupação com questões sociais.
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FONTE:http://arepublica.blogs.sapo.pt/843.html

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