"Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, estranho e duro, Que dissesse a chorar isto que sinto!"
Florbela Espanca

6 de julho de 2009

FRANCYNE SCOVINO

Mulheres ocupam cada vez mais funções consideradas masculinas

Você pode encontrar Francyne Scovino, técnica em eletrotécnica da Ampla, concessionária de energia elétrica do Rio de Janeiro, a 11 metros de altura, sustentada por uma espécie de guindaste e mexendo com eletricidade. Isso não é trabalho para mulheres? Segundo a consultora de RH da Catho, Gláucia Santos, esta cena - e outras protagonizadas por mulheres que não temem o trabalho pesado - deve se tornar cada vez mais freqüente nos próximos anos. Mais preparadas, elas avançam no mercado de trabalho não só em direção a funções estratégicas, mas também operacionais. O motivo do sucesso dessa ofensiva é o mesmo nos dois casos: elas estão investindo mais em capacitação. Corajosas, elas não têm medo de riscos e trabalho pesado, a menos quando seu ofício interfira dentro de casa. Apenas em nome da família, elas são capazes de abrir mão de suas funções.
Além disso, o avanço tecnológico permite uma redução do esforço físico, o que leva a estratégia a se sobrepor à força. Resultado: profissões que antes eram exclusivamente masculinas ganham cada vez mais representantes do público feminino. Para Gláucia Santos, seja qual for o cargo pretendido, as mulheres chegam mais preparadas para disputar as vagas com os homens. Mesmo para funções operacionais, elas buscam especializações técnicas e acabam conquistando seu objetivo. A igualdade de condições, no entanto, ainda não é uma realidade plena. Segundo pesquisa realizada pela Catho em agosto de 2007 com mais de 12 mil profissionais - cerca de 67% homens e 33% mulheres -, elas ainda ganham cerca de 19% a menos . - Quem deseja entrar em ambientes que, ainda hoje, são masculinos deve ter em mente que possivelmente vai enfrentar mais dificuldades. Por isso, uma dose extra de determinação, além de cursos e certificações que atestem sua capacitação, são fundamentais - aconselha a consultora.

Francyne Scovino, técnica em eletrotécnica da Ampla é a única mulher numa equipe de mais de 60 funcionários, e se orgulha de sua função. Ela verifica se os medidores de energia estão dentro dos padrões estabelecidos pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Isso inclui subir até 11 metros de altura para realizar o procedimento. - Já passei por algumas situações engraçadas. Já ouvi de um cliente que mandar uma mulher é uma estratégia da empresa, para os consumidores não terem coragem de reclamar - diverte-se Francyne . - E ouve também uma vez em que havia saído com uma equipe, com mais dois colegas, e já estava lá no alto quando ouvi um senhor brigando com eles por terem me deixado subir.

Segundo Francyne, o fato de estar num ambiente de trabalho masculino, ressalta ainda mais a feminilidade. Ela conta que nunca sofreu assédio nem sente discriminação por parte dos colegas: - Sinto a necessidade de destacar que sou mulher, e tenho o cuidado para não perder meus valores femininos. A maquiagem dá uma 'ajudinha' - brinca.

(Fonte: O GLOBO on line)

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