"Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, estranho e duro, Que dissesse a chorar isto que sinto!"
Florbela Espanca

13 de setembro de 2009

GUINEVERE DE SARA TEASDALE

Eu era rainha e perdi a minha coroa,
Mulher e quebrei os meus votos;
Amante e arruinei quem amava:
Não há maior massacre.
Há poucos meses atrás eu era rainha,
E as mães mostravam-me os seus bébés
Quando eu chegava de Camelot a cavalo.

*Guinevere de Sara Teasdale

O casamento de Arthur com Guinevere firmou a sua corte. Como dote Guinevere recebeu a lendária Tavola Redonda e o casal real tornou-se o centro do brilhante circulo dos cavalheirescos cavaleiros.
A herança de Guinevere varia consoante as diferentes lendas. De acordo com Malory, Guinevere (em galês Gwenhyvar que significa "Fantasma Branco") era filha do Rei Leodegrance de Cameliarde. Na tradição galesa, o seu pai chamava-se Gogrvan ou Ocvran. Na peça de Thelwall "The Fairy of the Lake" (1801) é posta a hipótese de ela ser filha de Vortigen. Em algumas histórias, ela tinha uma irmã chamada Gwenhwyvach e uma lenda francesa fala de uma irmã gémea chamada Guinevere the False. Em outro conto, ela tinha um irmão que se chamava Gotegrin.
Assim que Arthur subiu ao trono e apesar dos avisos de Merlin que ela um dia o haveria de traír, Arthur escolheu Guinevere para sua mulher. Como dote, ela recebeu do pai de Arthur a grandiosa Tavola Redonda, feita por Merlin, a qual tinha capacidade para sentar 150 cavaleiros.
Em "Gawain and the Green Knight" é afirmado que Morgan le Fay enviou o Cavaleiro Verde para Camelot para assustar Guinevere. Uma das razões foi a velha rivalidade entre elas, ocorrida no início do reinado de Arthur, em que Guinevere expulsou da corte um dos amantes de Morgan. Outra razão invocada foi o facto de Guinevere e Morgan serem duas deusas de aspectos muito diferentes. Morgan, originalmente como personagem de Morrighan, é uma deusa negra que representa as poderosas qualidades do Inverno e da guerra. Por outro lado, Guinevere é chamada the Flower Bride (a noiva das flores), representando a Primavera e o desdobramento da vida. Como tal, estas duas mulheres são o oposto uma da outra. Lancelot, o defensor de Guinevere, tornou-se o amargo adversário de Gawain que é o Cavaleiro da Deusa - defensor de Morgan.
Quando as lendas Arthurianas foram rescritas por escritores cristãos, tanto Guinevere, a deusa das flores e da luz, como Morgan, a Deusa Negra, permaneceram, durante algum tempo, num convento de freiras.
Como "Noiva das Flores", o mito diz que Guinevere é raptada por um dos seus pretendentes, sendo depois salva por outros opositores astuciosos, com a mudança das estações. Um exemplo disso é descrito em "Life of Gildas" de Caradoc de Llancarfan. Nesse texto, Melwas of the Summer Country raptou Guinevere, sem, mais tarde salva por Arthur. A cena do rapto volta a repetir-se em diversos contos em que o raptor é Meliagraunce, o cavaleiro que desejava Guinevere. Neste conto, o salvador é LANCELOT EM VEZ DE Arthur.
Guinevere e Sir Lancelot apaixonam-se. A Falsa Guinevere ocupou o lugar de Guinevere enquanto ela procurava amparo em Lanlot em Sorelois. A Falsa Guineveree e o seu cavaleiro Bertholai admitiram por fim a sua fraude e depois da morte desta, a verdadeira Guineve é entregue a Arthur. Nessa altura, Guinevere e Lancelot já estavam irremediavelmente apaixonados e a luta de Lancelot com a sua consciência mantinha-o longe de Camelot. Quando Guinevere e Lancelot decidiram terminar o seu romance, para o bem do reino, Mordred, filho ilegítimo de Arthur, encontrou-os no quarto dela. Lancelot fugiu e Mordred forçou Arthur a condenar Guinevere à morte. Lancelot salvou-a, matando acidentalmente Gareth e Gaheris, irmãos de Gawain, tendo começado assim a guerra. Enquanto Arthur estava longe lutando com Lancelot, Mordred declarou o seu pai morto, proclamando-se rei e anunciou o seu casamento com Guinevere. Ela recusou e aprisionou-se na Torre de Londres. Arthur regressou para lutar, uma vez mais, com Mordred, tendo sido atingido mortalmente por uma lança.
Guinevere enviou o seu anel a Lancelot, manuscrito medieval.
Depois da morte de Arthur, Guinevere foi para um convento de freiras em Amesbury, permanecendo lá até à sua morte. Um outro conto, de Perlesvaus, diz que ela morreu como prisioneira dos Pictos (habitantes celtas da antiga Escócia), tendo sido sepultada ao lado de Arthur.
Tem vindo a ser discutido que Guinevere é uma figura mística que representa a soberania de Inglaterra. Neste sentido, ela é uma personagem similar a Eriu, a deusa irlandesa da soberania. Assim Guinevere representa não só a Noiva das Flores, como a Deusa da Tristeza ou a Dama Ferida, que sofre as consequências de actos malvados, defendidos por ignorância e amor no reino de Arthur.

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(fonte http://www.thewizard.com.br/textos/guinevere.htm)

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