"Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, estranho e duro, Que dissesse a chorar isto que sinto!"
Florbela Espanca

16 de outubro de 2009

YVONE PEREIRA

Yvone Pereira foi uma das mais respeitadas médiuns brasileiras, autora de romances psicografados bastante conhecidos entre os espíritas. Dedicou-se por muitos anos à desobsessão e ao receituário mediúnico homeopático.
Filha de Manuel José Pereira Filho, um pequeno comerciante, e de Elizabeth do Amaral, foi a primeira de seis filhos do casal. A mãe já havia tido um filho de seu primeiro casamento.
Recém-nascida, com apenas 29 dias, teve um acesso de tosse que a sufocou, deixando-a em estado de catalepsia, em que se manteve por seis horas. O médico e o farmacêutico da localidade chegaram a atestar o óbito por sufocação. A família preparou o corpo da bebê para o velório, colocando-lhe um vestido branco e azul, adornando-a com uma grinalda, enquanto aguardava o pequeno caixão branco da praxe. Nesse momento, sua mãe retirou-se para o interior da residência da família para orar. Momentos depois, a bebê acordou, chorando.
Yvonne cresceu numa família espírita. O pai enfrentou a falência comercial por três vezes. Posteriormente viria a tornar-se funcionário público, cargo que ocupou até o fim da vida, em 1935. Era comum a família abrigar pessoas necessitadas, vivências que, segundo Yvone, marcariam sua vida para sempre.
Com quatro anos de idade, a menina já dizia ver e ouvir espíritos, os quais, segundo ela, considerava como pessoas normais. Dois dos amigos invisíveis apareciam com mais freqüência:
Charles
, a quem ela considerava seu verdadeiro pai, devido a lembranças que teria de uma encarnação anterior, em que a "entidade" teria sido seu pai.
Roberto de Canalejas
, que teria sido um médico espanhol de meados do século XIX.
As visões lhe perturbavam, e vinham junto com uma imensa saudade do que seria uma encarnação anterior, na Espanha, que, dizia, recordava com clareza. Considerava seus atuais familiares, principalmente o pai e os irmãos, como pessoas estranhas, assim como estranhava a casa e a cidade onde morava. Em razão desses conflitos, até os dez anos de idade passou a maior parte do tempo na casa da avó paterna.
Aos oito anos de idade, a menina viveu novo episódio de catalepsia. Certa noite, durante o sono, percebeu-se diante de uma imagem do Senhor dos Passos pedindo socorro, pois sofria muito. A imagem, então, animando-se, dirigiu-lhe as palavras: Vem comigo minha filha: será o único recurso que terás para suportar os sofrimentos que te esperam. A menina, aceitando a mão que lhe era estendida pela imagem, subiu os degraus do altar e não se lembrou de mais nada.
Nessa idade teve o primeiro contato com um livro espírita. Posteriormente, aos doze anos, ganhou de presente do pai O Evangelho segundo o Espiritismo e o Livro dos Espíritos. Aos treze anos de idade começou a freqüentar sessões práticas de Espiritismo.
Yvonne teve como estudos apenas o antigo curso primário (atual primeiro segmento do ensino fundamental). Devido às dificuldades financeiras da família não conseguiu prosseguir nos estudos. Para auxiliar a família, e o próprio sustento, dedicou-se à costura e ao bordado, e ao artesanato de rendas e flores. Tendo cultivado desde a infância o estudo e a leitura, completou a sua formação como autodidata, pela leitura de livros e periódicos. Aos dezesseis anos já tinha lido obras clássicas de Goethe, Bernardo Guimarães, José de Alencar, Alexandre Herculano, Arthur Conan Doyle e outros.
A partir dessa idade, fase da adolescência, a mediunidade tornou-se um fenômeno comum para Yvonne, que dizia receber a maior parte dos informes de além-túmulo, crônicas e contos em desdobramento, no momento do sono. A sua faculdade apresentava-se diversificada, tendo se dedicado à psicografia e ao receituário homeopático, à incorporação, à psicofonia e ao passe , e até mesmo, em algumas ocasiões, aos chamados efeitos físicos de materialização. Dedicou-se à atividade de desobsessão. Atuou em casas espíritas nas cidades de Lavras (MG), Barra do Piraí(RJ), Juiz de Fora(MG), Pedro Leopoldo(MG) e Rio de Janeiro(RJ), onde residiu sucessivamente.
Um dos aspectos mais marcantes de sua atuação mediúnica foi a sua independência, que questionava com fundamento os entraves burocráticos que algumas casas espíritas impõem aos seus trabalhadores. Esperantista atuante, trabalhou na sua propaganda e difusão, através de correspondência que mantinha com outros esperantistas, tanto no Brasil, quanto no exterior.(Fonte:Net)

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