"Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, estranho e duro, Que dissesse a chorar isto que sinto!"
Florbela Espanca

4 de outubro de 2009

ADELINA, A CHARUTEIRA

Maranhense, da cidade de São Luís, Adelina era filha de uma escrava com um senhor. Seu pai não cumpriu a promessa de libertá-la aos 17 anos de idade como previa a Lei do Ventre Livre.

Quando adolescente, seu pai ficou pobre e passou a fabricar charutos.

Adelina tornou-se sua vendedora, circulando pela cidade, a ofertar charutos em bares da cidade e para fregueses avulsos. No Largo do Carmo, onde costumava parar, vendia charutos para os estudantes do Liceu, onde teve a oportunidade de assistir a comícios abolicionistas promovidos por esses.

Com a facilidade em que circulava pela cidade auxiliada pelo conhecimento da escrita e da leitura Adelina era uma importante informante das ações da polícia aos ativistas e ainda ajudava na fuga de escravos, cooperando assim com o movimento abolicionista.


ADELINA A CHARUTEIRA

azuirfilho

Nasceu na Ilha do Amor, nos meados do século XIX.
Do espírito batalhador, da História linda que comove.
Tão Valorosa e verdadeira, foi maravilhosa de coração.
Salve Adelina, a charuteira, de São Luís do Maranhão.

Ela Foi uma filha bastarda, de um Proprietário Senhor.
Uma Moça pura felizarda, tinha o espírito trabalhador.
Ele empobreceu de besteira, passou à filha a provação.
Salve Adelina, a charuteira, de São Luís do Maranhão.

Charutos na Rua ela vendia, que o seu pai fabricava.
Cumpria a tarefa e aprendia, o que na vida se passava.
Ela tinha a alma Justiceira, e abominava a Escravidão.
Salve Adelina, a charuteira, de São Luís do Maranhão.

Era o que se chamava, de ser uma Escrava de ganho.
Muito ela se aplicava, e conseguia resultado tamanho.
Uma Escrava ganhadeira, que despertava admiração.
Salve Adelina, a charuteira, de São Luís do Maranhão.

Tornou-se uma ativista, para toda escravidão acabar.
Consciente humanista, fez a desumanidade enfrentar.
Ler e escrever ela aprendera, tinha talento e vocação
Salve Adelina, a charuteira, de São Luís do Maranhão.

Das vendas encarregada, na cidade duas vezes por dia.
Muitos charutos que entregava, avulso também vendia.
Qual Santinha Padroeira, todos lhe tinham consideração.
Salve Adelina, a charuteira, de São Luís do Maranhão.

Por São Luiz Peregrinava, ao Largo do Carmo se dirigia
Prestava atenção se ilustrava, dava valor a tudo assistia
Mulher Valorosa e obreira, Mulher ativa e de decisão.
Salve Adelina, a charuteira, de São Luís do Maranhão.

No Liceu tinha freguesia, nos estudantes libertadores.
Aos charutos ela vendia, e via comícios e debatedores.
Na sua ação era timoneira, sabia dar melhor destinação.
Salve Adelina, a charuteira, de São Luís do Maranhão.

Eram alunos humanistas, de Castro Alves seguidores.
Comícios abolicionistas, ela desenvolvia seus pendores.
Era a amiga hospitaleira pros que fugiam da repressão.
Salve Adelina, a charuteira, de São Luís do Maranhão.

Ajudava os escravos a fugir, e dizia por onde passar.
Ninguém melhor pra instruir, pra a liberdade alcançar.
Angelical e sobranceira, que morava em todo coração.
Salve Adelina, a charuteira, de São Luís do Maranhão.

Circulava por toda a cidade, com notícias a carregar.
Os escravos da comunidade, faziam tudo lhe contar.
Sabia da Policia Inteira, ela tinha a melhor informação.
Salve Adelina, a charuteira, de São Luís do Maranhão.
(CONT...)
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Fonte:http://africaeafricanidades.wordpress.com/

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