"Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, estranho e duro, Que dissesse a chorar isto que sinto!"
Florbela Espanca

2 de janeiro de 2012

DÉLIA, MARIA BENEDITA CÂMARA BORMANN (PERSONAGEM REVOLUCIONÁRIA)


Surpresa maior é a obra da gaúcha Délia (nascida em 1853), pseudônimo de Maria Benedita Câmara Bormann. Em 1890, Délia publicou o romance "Lésbia", história cuja heroína é uma escritora que se separa do marido porque este não admite a superioridade intelectual da mulher e caçoa quando esta expressa suas idéias.
Toda a obra de Délia, conforme explica Norma Telles, já naquela época questiona o casamento -que ela considera o "local da anulação do corpo e da mente"- por meio de personagens femininas que ansiavam por independência, autonomia financeira, intelectual e sexual numa sociedade que julgavam hipócrita.
Diante da rudeza dos homens e da superficialidade das mulheres de sua época, Délia chegou a desejar que "houvesse um sexo neutro".
"Há momentos em que, precisando sentir a posse de mim mesma, abstraio-me deste mundo, elevo-me nas asas da fantasia e vôo vertiginosamente por aí além, vivendo horas que os próprios deuses invejam. (...) Cada indivíduo é destinado a sentir na vida a vibração exclusiva de uma de suas fibras afetivas, eu fui votada ao que sinto, submeti-me ao seu império, mas recuso viver sem retribuição: nasci passiva, como todos os que esperam; parto revoltada, como todos os oprimidos! E a tu, a quem não conheço, cujo olhar me fita compassiva, sê feliz, aceita meu último suspiro e meu supremo ósculo!... Adeus!..."("Nevrose", de Délia, pseudônimo de Maria Benedita Câmara Bormann)

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