Quais são as heroínas da história brasileiras? Com essa pergunta na cabeça, a jornalista Lucita Briza, de 65 anos, começou uma pesquisa rumo à realização de um livro que retratasse uma mulher brasileira, corajosa, que tivesse marcado sua época e sua geração. "Pensei em escrever algo sobre mulheres que lutaram no Golpe de 1964, mas percebi que o distanciamento histórico ainda é muito pequeno", explica. Ao tentar pesquisar os anos anteriores ao golpe, surpreendeu-se com o fato de que há pouquíssimas personagens no imaginário popular e que essas já foram retratadas nas mais diversas mídias. "Personagens como Chiquinha Gonzaga, Anésia Pinheiro Machado ou Anita Garibaldi, por exemplo, já foram muito exploradas."
Por conta disso, debruçou-se em suas lembranças e remeteu-se à heroína de sua mãe. "Ela sempre falava da aviadora Ada Rogatto, uma mulher à frente de seu tempo. Fui pesquisar sua história e me surpreendi com a escassez de informações." A partir daí, Lucita começou a sua viagem em direção à pioneira aviadora brasileira. Figura ímpar em sua época, Ada, nascida em 1920, em São Paulo, onde morreu em 1986, é mais uma da extensa galeria de personagens históricos brasileiros à espera de uma pesquisa que os revele. "Ela foi a primeira mulher a atravessar os Andes, sozinha, em um paulistinha, avião sem a menor infra-estrutura. Fez essa travessia 11 vezes", lembra Lucita. "Além disso, foi a primeira mulher a sobrevoar a Amazônia, o que a fez ser uma das pioneiras no contato com os índios da região", assegura.
As peripécias da Ada são incontáveis e aos poucos a jornalista vai desenhando a figura de uma mulher singular, que rompeu barreiras e abriu muitos campos para as suas sucessoras. "Ela veio de uma família humilde, mesmo assim tirou seu brevê de pára-quedista aos 15 anos, em 1935."
Como em toda história prodigiosa, Ada passou por momentos difíceis e nunca se casou ou teve filhos, o que dificulta a apreensão do material sobre a sua vida, espalhado por diversas casas e museus. "Em 1948, ela foi a primeira mulher a jogar inseticida, do avião, contra a broca do café, uma praga perigosa", conta Lucita. "Por conta do ineditismo do seu feito, não se sabia como usar o inseticida, que foi colocado na parte frontal do avião. O veneno espalhou-se no seu rosto, o que ocasionou uma queda e deixou em Ada seqüelas para sempre."
Mas Ada continuou voando e chegou a adquirir seu próprio avião Cessna, o qual no fim da sua vida doou para o Aeroclube Paulista, do qual foi membro atuante. Também fez parte da Fundação Santos Dumont e do Instituto de Genealogia, outra de suas paixões. "Apesar de ser pouco conhecida hoje, os feitos aéreos de Ada foram tão importantes que os astronautas americanos, quando vinham ao Brasil, faziam questão de conhecê-la", assegura a jornalista. Fotos desses encontros, entre outras raridades históricas, estão em poder de Lucita, que promete muitas surpresas com o livro. "Há cruzamentos da vida dela com a história social e política da época. Ela era próxima de Vargas, Ademar de Barros e conhecia Assis Chateaubriand."
Essas histórias todas, colhidas em mais de 20 entrevistas, viagens ao Aeroclube Paulista e ao Museu da Aeronáutica, já preenchem muitas páginas escritas pela jornalista. "A trajetória de Ada é incrível, mas não há como contar essa história sem entrar nas questões que ela abarca, como a história da aviação brasileira, a difícil situação atual desse acervo tão rico e a importância dos Aeroclubes." Toda a pesquisa tem sido feita por dedicação da jornalista. "Após uma vida no jornalismo, achei que já era hora de eu me pautar e partir para um projeto que me satisfizesse", comenta. "Mas não sabia que, além de prazeroso, seria tão difícil."
Lucita está em conversação com editoras, que se mostram interessadas no projeto, mas necessita de uma parceria que a permita empreender mais entrevistas e viagens, além do período para redigir o livro. "O projeto sai de qualquer jeito, mas sinto a cada entrevista que há algo novo para pesquisar. Essa figura histórica tem muito a nos contar sobre nós mesmos", assegura. "Somente trazendo à tona mulheres como Ada Rogatto é que as gerações futuras, de mulheres e homens brasileiros, vão dar o devido valor ao seu país e à sua história." Quem tiver interesse em auxiliar o projeto do livro, pode entrar em contato com a jornalista pelo (011) 9154-8312.
(fonte http://www.brasilcultura.com.br/ - jornalista Lucita Briza)
Por conta disso, debruçou-se em suas lembranças e remeteu-se à heroína de sua mãe. "Ela sempre falava da aviadora Ada Rogatto, uma mulher à frente de seu tempo. Fui pesquisar sua história e me surpreendi com a escassez de informações." A partir daí, Lucita começou a sua viagem em direção à pioneira aviadora brasileira. Figura ímpar em sua época, Ada, nascida em 1920, em São Paulo, onde morreu em 1986, é mais uma da extensa galeria de personagens históricos brasileiros à espera de uma pesquisa que os revele. "Ela foi a primeira mulher a atravessar os Andes, sozinha, em um paulistinha, avião sem a menor infra-estrutura. Fez essa travessia 11 vezes", lembra Lucita. "Além disso, foi a primeira mulher a sobrevoar a Amazônia, o que a fez ser uma das pioneiras no contato com os índios da região", assegura.
As peripécias da Ada são incontáveis e aos poucos a jornalista vai desenhando a figura de uma mulher singular, que rompeu barreiras e abriu muitos campos para as suas sucessoras. "Ela veio de uma família humilde, mesmo assim tirou seu brevê de pára-quedista aos 15 anos, em 1935."
Como em toda história prodigiosa, Ada passou por momentos difíceis e nunca se casou ou teve filhos, o que dificulta a apreensão do material sobre a sua vida, espalhado por diversas casas e museus. "Em 1948, ela foi a primeira mulher a jogar inseticida, do avião, contra a broca do café, uma praga perigosa", conta Lucita. "Por conta do ineditismo do seu feito, não se sabia como usar o inseticida, que foi colocado na parte frontal do avião. O veneno espalhou-se no seu rosto, o que ocasionou uma queda e deixou em Ada seqüelas para sempre."
Mas Ada continuou voando e chegou a adquirir seu próprio avião Cessna, o qual no fim da sua vida doou para o Aeroclube Paulista, do qual foi membro atuante. Também fez parte da Fundação Santos Dumont e do Instituto de Genealogia, outra de suas paixões. "Apesar de ser pouco conhecida hoje, os feitos aéreos de Ada foram tão importantes que os astronautas americanos, quando vinham ao Brasil, faziam questão de conhecê-la", assegura a jornalista. Fotos desses encontros, entre outras raridades históricas, estão em poder de Lucita, que promete muitas surpresas com o livro. "Há cruzamentos da vida dela com a história social e política da época. Ela era próxima de Vargas, Ademar de Barros e conhecia Assis Chateaubriand."
Essas histórias todas, colhidas em mais de 20 entrevistas, viagens ao Aeroclube Paulista e ao Museu da Aeronáutica, já preenchem muitas páginas escritas pela jornalista. "A trajetória de Ada é incrível, mas não há como contar essa história sem entrar nas questões que ela abarca, como a história da aviação brasileira, a difícil situação atual desse acervo tão rico e a importância dos Aeroclubes." Toda a pesquisa tem sido feita por dedicação da jornalista. "Após uma vida no jornalismo, achei que já era hora de eu me pautar e partir para um projeto que me satisfizesse", comenta. "Mas não sabia que, além de prazeroso, seria tão difícil."
Lucita está em conversação com editoras, que se mostram interessadas no projeto, mas necessita de uma parceria que a permita empreender mais entrevistas e viagens, além do período para redigir o livro. "O projeto sai de qualquer jeito, mas sinto a cada entrevista que há algo novo para pesquisar. Essa figura histórica tem muito a nos contar sobre nós mesmos", assegura. "Somente trazendo à tona mulheres como Ada Rogatto é que as gerações futuras, de mulheres e homens brasileiros, vão dar o devido valor ao seu país e à sua história." Quem tiver interesse em auxiliar o projeto do livro, pode entrar em contato com a jornalista pelo (011) 9154-8312.
(fonte http://www.brasilcultura.com.br/ - jornalista Lucita Briza)
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