"Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, estranho e duro, Que dissesse a chorar isto que sinto!"
Florbela Espanca

14 de julho de 2008

VITTORIA COLONNA - MARQUESA DE PESCARA II


Michelangelo beija a mão de Vittoria, no dia de sua morte.

Vittoria Colonna - Marquesa de Pescara, filha de Fabrízio, condestável do reino de Nápoles.
Poetisa excelente e inteligência marcante do século XVI.
Em 1509, casou-se com Fernando d'Avalos, marquês de Pescara, morto em combate, em 1525.
Era uma apaixonada pelo marido, cuja morte chorou em poemas considerados admiráveis.
Tem um lugar de destaque no quadro da poesia feminina da Itália.
Grande amiga de Miguel Ângelo, mas as relações, entre ambos, não ultrapassaram as raias do amor platônico. Ela definiu assim os seus contatos com o grande artista: "amizade estável e firmíssimo afeto".
Escreveu 352 sonetos.

"Quando o Grão Lume surge do Oriente..."
(Trad. de Delson Tarlé)

Quando o Grão Lume surge do Oriente
e o negro manto desta noite afasta,
quando na terra o gelo se desgasta,
dissolvido ao calor de um raio ardente,

a minha dor, que o sono suavemente
anestesiara, acorda mais nefasta.
E, quando aos outros o prazer se gasta,
é que revive o meu, mais docemente.

Assim me impele uma inimiga sorte:
procuro a escuridão, fugindo à luz,
odeio a vida, desejando a morte.

O que ensombra outro olhar no meu reluz.
Se fecho os olhos, abre-se, num corte,
a dor profunda que a meu sol conduz.

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