"Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, estranho e duro, Que dissesse a chorar isto que sinto!"
Florbela Espanca

6 de setembro de 2008

MARIA LAMAS



Maria da Conceição Vassalo e Silva da Cunha Lamas(1893-1983


Escritora e interveniente política portuguesa. Mulher de personalidade admirável, oriunda de uma família burguesa de Torres Novas, ali estudou até aos dez anos. Aprendeu línguas o que lhe viria a ser útil mais tarde, quando teve de ganhar a vida com traduções.
Traduziu mais tarde "Memórias de Adriano", de Marguerite Yourcenar, que conheceria em Paris.

Casou nova e aos 25 anos já tinha duas filhas. Viveu em Luanda e quando o casamento naufragou divorciou-se e quis ser ela a assegurar a educação das filhas. Começa a escrever para os jornais Correio da Manhã e Época, mais tarde para O Século, A Capital e o Diário de Lisboa. Casou, em 1921, com Alfredo da Cunha Lamas, e foi mãe mais uma vez.

Em 1928 passou a dirigir o suplemento Modas & Bordados do jornal O Século, dando-lhe uma feição diferente. Um jornal que dava prejuízo passou a dar lucro, tal a importância da sua colaboração. Era preciso chegar às mulheres trabalhadoras pouco esclarecidas quanto aos seus direitos. A sua colaboração no "Correio da Joaninha" passou a ser um diálogo educativo com as leitoras.
Ligou-se ao MUD (Movimento de Unidade Democrática) e depois ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, onde desenvolveu intensa actividade política e cultural. Presa, pela primeira vez, por motivos políticos, em 1949 sofreu imenso na prisão, porque a PIDE a colocou numa prisão incomunicável durante quatro meses. Esteve muito doente.

Depois de várias prisões viu-se forçada ao exílio. A sua atividade como escritora é intensa e diversificada. Escreveu contos infantis, estudos na área da mitologia, porém o seu livro mais importante, fruto de dois anos de viagens por todo o país é «As Mulheres do Meu País», uma obra de referência, onde colaboraram com ilustrações os mais famosos intelectuais do tempo, editado em 1950.
Seguem-se «A Mulher no Mundo», 1952 e «O Mundo dos Deuses e dos Heróis», 1961.Esteve exilada por diversas vezes, entre 1953 e 1962. Passados sete anos regressou do exílio. Tinha 76 anos e ainda a mesma esperança de melhores dias para Portugal.

Viveu o 25 de Abril de 1974 com enorme alegria. Foram-lhe atribuídas duas das mais honrosas condecorações portuguesas, a de Oficial da Ordem de Santiago da Espada e a da Ordem da Liberdade.






Faleceu com 90 anos, em Dezembro de 1983. A cidade de Torres Novas relembra-a numa pequena intervenção escultórica.

A jornalista Maria Antónia Fiadeiro dedicou-lhe um estudo monográfico.










Fonte:http://www.leme.pt/biografias/80mulheres/lamas.html

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