ELLEN GRACIE

A ministra do Supremo Tribunal Federal,Ellen Gracie, única mulher numa corte tradicionalmente masculina, abre espaço para novos horizontes femininos.
‘Ao chegar ao Supremo tive a certeza de que estava abrindo novos caminhos para as mulheres ’ Ellen Gracie
Ao sair da última sessão plenária do Supremo Tribunal Federal do ano de 2001, os 11 ministros, como de costume, dirigiram-se à sala do lanche. Dali eles só voltariam a se ver em fevereiro do ano seguinte. A distância provocada pelas férias forenses sempre foi tratada por eles com absoluta normalidade. Mas daquela vez era diferente. Ficaram surpresos ao repararem que em cada um de seus lugares da mesa do lanche havia uma rosa e um disco, com um cartão de boas festas. Assinado: Ellen. “Não havia troca de presentes no Supremo ou manifestações carinhosas assim”, contou o colega, ministro Nelson Jobim. Nunca mais o Supremo foi o mesmo.
Em pouco mais de dois anos, os ministros se acostumaram a conviver com as comemorações da simpática carioca descendente de gaúchos, filha única de pai militar, que conquistou a todos. Mas Ellen, que sempre foi a primeira aluna em toda a vida escolar, não mudou apenas as relações entre eles, mudou o País, ao criar a expectativa de vôos mais altos para tantas brasileiras. Como a da neta da vizinha de sua mãe, na capital gaúcha, uma estudante de Direito, que lhe contou o sonho: quer ser ministra do STF. “Tive ali a certeza de que estava abrindo novos caminhos”, avaliou.
A legislação também ganhou um prisma diferente a partirda visão feminina na mais alta corte do País. Não fosse por ela, as leis continuariam a tratar como comum o crime de estupro sem lesões físicas graves ou morte. Numa polêmica sessão, a ministra Ellen conseguiu fato raro no Supremo: mudar o voto de pelo menos três colegas, que se convenceram tratar-se de hedionda qualquer forma de estupro. “Além dos dotes morais, éticos e físicos, ela tem uma invejável cultura e um senso jurídico inusitado”, elogia o presidente eleito do STF, Maurício Corrêa.

(Por Cecíulia Maia - fonte Net)