"Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, estranho e duro, Que dissesse a chorar isto que sinto!"
Florbela Espanca

31 de julho de 2010

AYAAN HIRSI ALI

Ayaan Hirsi Ali (nascida com o nome Ayaan Hirsi Magan a 13 de Novembro de 1969 em Mogadíscio, Somália) é uma política neerlandesa conhecida pelas suas críticas em relação ao Islã. Foi deputada na Câmara Baixa (Tweeede Kamer) do parlamento neerlandês pelo Partido Liberal (VVD) entre Janeiro de 2003 e Maio de 2006, altura em que se demitiu do cargo reconhecendo ter mentido no processo de asilo político que lhe concedeu a cidadania neerlandesa.
Ayaan Hirsi Ali nasceu na Somália. O seu pai opunha-se ao regime socialista de Siyad Barre e em 1976 a família teve de fugir do país.
Aos cinco anos Ayaan e sua irmã de 4 anos sofreram a infibulação do clitóris numa cerimônia organizada pela avó, apesar da oposição do pai a esta prática. Também chamada de excisão faraônica, a infibulação é considerada a pior de todas, pois, após a amputação do clitóris e dos pequenos lábios, os grandes lábios são seccionados, aproximados e suturados com espinhos de acácia, sendo deixada uma minúscula abertura necessária ao escoamento da urina e da menstruação. Esse orifício é mantido aberto por um filete de madeira, que é, em geral, um palito de fósforo. As pernas devem ficar amarradas durante várias semanas até a total cicatrização. Assim, a vulva desaparece sendo substituída por uma dura cicatriz. Por ocasião do casamento a mulher será “aberta” pelo marido ou por uma “matrona”, mulheres mais experientes designadas a isso. Mais tarde, quando se tem o primeiro filho, essa abertura é aumentada. Algumas vezes, após cada parto, a mulher é novamente infibulada.
Quando tinha seis anos a sua família deixou a Somália para se fixar na Arábia Saudita, depois na Etiópia e mais tarde no Quénia, onde a família obteve asilo político. Foi neste país que Ayaan fez a maior parte dos seus estudos.

Em 1992 Ayaan chegou aos Países Baixos em circunstâncias que ainda não são totalmente claras. Segundo Ayaan, o seu pai pretendia casá-la com um primo residente no Canadá. Enquanto aguardava na Alemanha pelos documentos que lhe permitiriam entrar no Canadá, Ayaan teria decido fugir para os Países Baixos, onde recebeu o estatuto de refugiada.
Trabalhou como empregada de limpeza e tradutora, antes de frequentar o curso de Ciência Política na Universidade de Leiden.
Após a conclusão dos seus estudos trabalhou para a Fundação Wiardi Beckman, um instituto ligado ao Partido Trabalhista (PvdA). A pesquisa que ela ali desenvolveu focou sobretudo a integração de mulheres estrangeiras (maioritariamente muçulmanas) na sociedade neerlandesa.
Esta pesquisa deu-lhe opiniões fortes sobre o assunto, o que resultou num corte de relações com o PvdA. Na sua opinião, não havia espaço suficiente dentro do PvdA para criticar aquilo que ela via como consequências negativas de certos aspectos sócio-culturais dos migrantes e do Islão.
No seu livro "de Zoontjesfabriek" ("Fábrica de filhos") ela criticou a perspectiva islâmica das mulheres. Na sua opinião, a cultura islâmica pretende apenas que as mulheres produzam filhos para os seus maridos. O livro também critica tradições como a circuncisão feminina, que é muito comum na Somália.
Em 2002 o Partido Liberal VVD convidou Hirsi Ali para integrar as listas do partido, tendo sido eleita deputada em Janeiro de 2003. No livro acima referido, ela diz que a oportunidade oferecida pelo VVD foi um factor importante na decisão de mudar dos trabalhistas para os liberais, de modo a trazer as suas ideias para o parlamento.
Após a publicação do seu livro, Hirsi Ali recebeu várias ameaças de morte. A maioria delas circulou na Internet e não foram consideradas sérias.
Numa entrevista ao jornal diário "Trouw" (sábado, 25 de Julho de 2003), ela afirmou sobre o profeta Maomé: "medido pelos nossos padrões ocidentais, ele é um homem perverso. Um tirano". Hirsi Ali refere-se ao facto de Maomé ter casado com uma rapariga de nove anos. Várias organizações islâmicas e individuos islâmicos processaram-na por discriminação. No entanto Hirsi Ali não foi condenada. De acordo com o promotor público, as suas críticas "não contém quaisquer conclusões com respeito aos muçulmanos, e a sua dignidade como grupo não é negada".
Em 2004, juntamente com o controverso realizador de cinema neerlandês Theo van Gogh, ela fez um filme intitulado "Submissão" sobre a opressão da mulher nas culturas islâmicas. O título refere-se ao Islão (que significa literalmente submissão a Alá) e foi fortemente criticado pelos muçulmanos neerlandeses, que o consideram uma desgraça para a sua religião. O filme mostra mulheres semi-nuas, com textos do Alcorão escritos nos seus corpos. Van Gogh, também um crítico do Islão, recebeu igualmente ameaças de morte e foi assassinado, por um muçulmano radical, em 2 de Novembro de 2004. No corpo de Van Gogh encontrava-se uma carta que referia que a próxima pessoa a ser morta seria Ayaan. A deputada teve de abandonar o país, tendo vivido durante algum tempo na Califórnia, Estados Unidos da América.
Em Janeiro de 2005 Hirsi Ali regressou ao parlamento neerlandês, tendo anunciado a sua intenção em criar uma sequela para o filme "Submissão", desta feita focando a situação dos homossexuais masculinos no mundo islâmico. A revista "Time" considerou-a uma das cem pessoas mais influentes no planeta em 2005.

Eventos de Maio de 2006
Em Maio de 2006 o programa de televisão neerlandês "Zembla" noticiou que Hirsi Ali tinha prestado falsa informações sobre o seu verdadeiro nome, a sua idade e o seu país de origem quando solicitou asilo político nos Países Baixos. O programa também mostrou provas contra a alegação de Hirsi Ali de que o motivo para o seu asilo teria sido um casamento forçado.
Hirsi Ali reconheceu ter mentido em relação ao seu nome completo, à sua data de nascimento e à forma como chegou aos Países Baixos. No entanto, várias fontes, incluindo o seu livro de Zoontjesfabriek, publicado em 2002, mostravam o seu nome verdadeiro e a sua data de nascimento, tendo também no mesmo ano Hirsi Ali declarado em entrevista à revista política HP/De Tijd o seu nome verdadeiro e data de nascimento. Hirsi Ali também afirma que revelou estes pormenores a figuras do partido VVD quando decidiu se candidatar como deputada em 2002.
Os meios de comunicação dos Países Baixos especularam que Hirsi Ali poderia perder a cidadania neerlandesa devido às declarações fraudulentas. Numa primeira reacção a ministra Rita Verdonk afirmou que iria investigar o caso, mas um deputado solicitou-lhe uma declaração oficial. As investigações ao caso concluiram que Hirsi Ali nunca recebeu a cidadania neerlandesa por ter mentido no processo.
No dia 16 de Maio Hirsi Ali demitiu-se do parlamento, reconhecendo ter mentido no processo de asilo político. No mesmo dia, em conferência de imprensa, Hirsi Ali declarou que achava errado ter recebido estatuto de refugiada, mas que desde 2002 já se sabia publicamente do caso. Reafirmou que o seu pedido de asilo era devido a um casamento forçado, desmentindo desta forma o programa de televisão "Zembla"

Prêmios
No dia 20 de Novembro de 2004 Ayaan Hirsi Ali foi galardoada com o Prémio Liberdade do Partido Liberal da Dinamarca "pelo seu trabalho a favor da liberdade de expressão e dos direitos das mulheres". Devido a ameaças de fundamentalistas islâmicos não foi possível a Ayaan estar presente na cerimónia de entrega do prémio. No entanto, um ano depois, a 17 de Novembro de 2005, ela viajou até à Dinamarca para agradecer pessoalmente a Anders Fogh, primeiro-ministro da Dinamarca e líder do Partido Liberal.
No dia 29 de Agosto de 2005 Ayaan foi galardoada com o Prémio Democracia do Partido Liberal da Suécia "pelo seu corajoso trabalho a favor da democracia, direitos humanos e direitos das mulheres.
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Fonte: Net

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